Aos 21 anos, Irênio Junior, aluno do 2º ano no Colégio Central, está estudando para o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). Mas o objetivo não é uma vaga na Universidade Federal da Bahia (Ufba), que agora usa a nota do exame. Irênio é parte dos mais de 58 mil inscritos no estado que veem na prova a chance de conquistar o Certificado de Conclusão do Ensino Médio.
Do ano passado para
cá, o número de pedidos de certificação cresceu 29% na Bahia. Hoje,
representa 10,7% do total de inscritos para a prova no estado. Mas não é
todo mundo que pode conseguir o atestado via Enem: é preciso ter mais
de 18 anos ou completar a idade até o dia da prova; indicar, no ato da
inscrição, que deseja obter o certificado; e escolher, também na
inscrição, uma das instituições certificadoras cadastradas pelo
Ministério da Educação (MEC). No exame, o candidato tem que obter pelo
menos 450 pontos em cada uma das quatro provas objetivas e, no mínimo,
500 pontos na redação.
Para maiores
Segundo a superintendente de Educação Básica da Secretaria da Educação da Bahia (SEC), Amélia Maraux, existem resoluções federais e estaduais que definem em que período e idade os estudantes podem solicitar o certificado. “A comissão de avaliação certifica os alunos com 18 anos ou mais. Se estiver no 1º ano e tiver 15 ou 16 anos, ele não pode”, disse.
Somente no ano passado, dos 421,7 mil inscritos no Enem na Bahia, 45,1 mil solicitaram o Certificado de Conclusão do Ensino Médio. Este ano, quando o número de inscrições saltou para pouco mais de 543 mil (aumento de 29%), o número de solicitações de certificado, segundo o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), cresceu na mesma proporção: foram 58,2 mil pedidos.
A certificação pelo Enem existe desde 2008. Até então, o documento era entregue após aprovação no Exame Nacional para Certificação de Competências de Jovens e Adultos (Encceja), que ainda certifica o ensino fundamental. Agora, o Enem é uma alternativa a essa prova e também às que são aplicadas pela Comissão Permanente de Avaliação (CPA) aos alunos dos Centros de Educação de Jovens e Adultos ou dos cursos supletivos.
Vantagem
Embora a aprovação pelo Enem seja equivalente às demais, há uma vantagem: a depender do desempenho, o estudante pode ingressar diretamente na universidade.
Em geral, a certificação é recomendada ainda para jovens e adultos que não concluíram ou abandonaram o ensino médio e que almejam o certificado para ingressar no mercado de trabalho ou na universidade.
É o caso de Irênio Júnior: apesar de não ter abandonado a escola, ele se considera “meio atrasado nos estudos” e diz que precisa do diploma também para poder trabalhar. “Se passar, vou deixar (a escola) com certeza”, admitiu.
Trabalho
A motivação do ingresso no mercado de trabalho é muito comum, destaca Amélia Maraux. A superintendente comentou o caso de Irênio e reafirmou que a solicitação só vale para quem está fora da idade escolar.
“Se ele tem 21 anos, não é mais para estar no ensino médio. A prova é para validar esse conhecimento que ele tem e reconhecer o conhecimento que ele tem fora da formação escolar”, declarou.
Ela chamou a atenção para a proposta do CPA, que também se aplica à certificação via Enem. “Não é uma coisa que você vai lá, faz e acabou. É uma proposta pedagógica que tem foco nesse sujeito jovem e adulto para que ele não fique preso sem concluir o seu processo educacional”, explicou.
Aumento
Segundo a SEC, foram emitidos 2.189 certificados no Enem 2012. No ano seguinte, o número foi de 1.075. Dados da Pró-Reitoria de Ensino (Proen) do Instituto Federal da Bahia (Ifba) apontam que no ano passado foram feitas 26.689 solicitações de certificado ao Instituto, em todos os campi do estado, sendo 11.551 somente em Salvador. Dessas, no entanto, somente 1.829 resultaram em emissão do certificado.
Professor do Ifba, Jancarlos Lapa demonstra preocupação com os números. Segundo ele, o Ifba, que é uma das unidades certificadoras na Bahia, emitiu 236 certificados de conclusão em 2011 (para Salvador). No ano passado, foram 282. “Em 2013, o número de solicitações foi tão grande que foi preciso fazer o cadastro pelo site da instituição”, disse.
Segundo ele, a concessão de certificados para quem está em idade escolar acaba aumentando a evasão escolar. “Eles fazem o Enem para terminar o curso mais rápido e entrar na universidade”. Com isso, a escola acaba perdendo o aluno antes de terminar o conteúdo programado para a formação técnica.
Para maiores
Segundo a superintendente de Educação Básica da Secretaria da Educação da Bahia (SEC), Amélia Maraux, existem resoluções federais e estaduais que definem em que período e idade os estudantes podem solicitar o certificado. “A comissão de avaliação certifica os alunos com 18 anos ou mais. Se estiver no 1º ano e tiver 15 ou 16 anos, ele não pode”, disse.
Somente no ano passado, dos 421,7 mil inscritos no Enem na Bahia, 45,1 mil solicitaram o Certificado de Conclusão do Ensino Médio. Este ano, quando o número de inscrições saltou para pouco mais de 543 mil (aumento de 29%), o número de solicitações de certificado, segundo o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), cresceu na mesma proporção: foram 58,2 mil pedidos.
A certificação pelo Enem existe desde 2008. Até então, o documento era entregue após aprovação no Exame Nacional para Certificação de Competências de Jovens e Adultos (Encceja), que ainda certifica o ensino fundamental. Agora, o Enem é uma alternativa a essa prova e também às que são aplicadas pela Comissão Permanente de Avaliação (CPA) aos alunos dos Centros de Educação de Jovens e Adultos ou dos cursos supletivos.
Vantagem
Embora a aprovação pelo Enem seja equivalente às demais, há uma vantagem: a depender do desempenho, o estudante pode ingressar diretamente na universidade.
Em geral, a certificação é recomendada ainda para jovens e adultos que não concluíram ou abandonaram o ensino médio e que almejam o certificado para ingressar no mercado de trabalho ou na universidade.
É o caso de Irênio Júnior: apesar de não ter abandonado a escola, ele se considera “meio atrasado nos estudos” e diz que precisa do diploma também para poder trabalhar. “Se passar, vou deixar (a escola) com certeza”, admitiu.
Trabalho
A motivação do ingresso no mercado de trabalho é muito comum, destaca Amélia Maraux. A superintendente comentou o caso de Irênio e reafirmou que a solicitação só vale para quem está fora da idade escolar.
“Se ele tem 21 anos, não é mais para estar no ensino médio. A prova é para validar esse conhecimento que ele tem e reconhecer o conhecimento que ele tem fora da formação escolar”, declarou.
Ela chamou a atenção para a proposta do CPA, que também se aplica à certificação via Enem. “Não é uma coisa que você vai lá, faz e acabou. É uma proposta pedagógica que tem foco nesse sujeito jovem e adulto para que ele não fique preso sem concluir o seu processo educacional”, explicou.
Aumento
Segundo a SEC, foram emitidos 2.189 certificados no Enem 2012. No ano seguinte, o número foi de 1.075. Dados da Pró-Reitoria de Ensino (Proen) do Instituto Federal da Bahia (Ifba) apontam que no ano passado foram feitas 26.689 solicitações de certificado ao Instituto, em todos os campi do estado, sendo 11.551 somente em Salvador. Dessas, no entanto, somente 1.829 resultaram em emissão do certificado.
Professor do Ifba, Jancarlos Lapa demonstra preocupação com os números. Segundo ele, o Ifba, que é uma das unidades certificadoras na Bahia, emitiu 236 certificados de conclusão em 2011 (para Salvador). No ano passado, foram 282. “Em 2013, o número de solicitações foi tão grande que foi preciso fazer o cadastro pelo site da instituição”, disse.
Segundo ele, a concessão de certificados para quem está em idade escolar acaba aumentando a evasão escolar. “Eles fazem o Enem para terminar o curso mais rápido e entrar na universidade”. Com isso, a escola acaba perdendo o aluno antes de terminar o conteúdo programado para a formação técnica.
Justiça tem concedido certificado para menores de 18 anos
Apesar de a certificação do ensino médio entregue pelo Enem ser destinada para quem já ultrapassou a idade escolar (maiores de 18 anos), há muitos casos em que estudantes do 1º e do 2º ano alcançam a nota exigida para ingressar na universidade e exigem a certificação por meio de liminares na Justiça.
Muitos dos certificados são negados após a SEC constatar a idade dos indivíduos. Mas o grande problema, para a superintendente de Educação Básica da SEC, Amélia Maraux, é que alguns juízes concedem a liminar e a certificação acaba sendo entregue para estudantes que ainda deveriam estar na escola. “A gente responde falando que há uma instrução sobre a idade, mas a depender do trâmite, acaba saindo”. Segundo ela, o número de liminares concedidas mais do que dobrou no ano passado. “Em 2012, foram 42 pedidos de liminar atendidos com relação à prova de 2011. Este ano, até julho, já eram 140 referentes à prova de 2012. No ensino médio, a gente já avalia que vai haver um impacto progressivo”, disse.
Para ela, os especialistas e o estado terão que se debruçar sobre esse fenômeno para entender como essa antecipação vai influenciar na formação desses indivíduos na própria faculdade. “E para isso, é preciso entender o perfil desse jovem, que tem acesso a todas essas informações com as redes sociais”, ponderou.
Apenas 22,7% dos inscritos vão concluir ensino médio em 2013
Do total de 7.173.574 inscrições confirmadas no Enem deste ano em todo o Brasil, a maior concentração por faixa etária é de estudantes com 17 anos (1.048.396, ou 15%). Em seguida, aparecem os de 18, 19 e acima de 35 (9% cada um). De acordo com dados do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), apenas 22,7% dos inscritos na prova concluirão o ensino médio em 2013. Os que terminam após 2012 somam 15,3% do total de inscritos em 2013.
É o caso da estudante Thaina Urpia, que cursa o 2º ano no Colégio São Lázaro, no Cabula. Ela fará a prova pela primeira vez este ano. “Vou fazer para testar, para que no ano que vem eu passe de primeira”, disse. Thaina tem 16 anos e busca uma vaga no curso de Medicina. Este ano, ela não solicitou o certificado de conclusão.
Apesar de a certificação do ensino médio entregue pelo Enem ser destinada para quem já ultrapassou a idade escolar (maiores de 18 anos), há muitos casos em que estudantes do 1º e do 2º ano alcançam a nota exigida para ingressar na universidade e exigem a certificação por meio de liminares na Justiça.
Muitos dos certificados são negados após a SEC constatar a idade dos indivíduos. Mas o grande problema, para a superintendente de Educação Básica da SEC, Amélia Maraux, é que alguns juízes concedem a liminar e a certificação acaba sendo entregue para estudantes que ainda deveriam estar na escola. “A gente responde falando que há uma instrução sobre a idade, mas a depender do trâmite, acaba saindo”. Segundo ela, o número de liminares concedidas mais do que dobrou no ano passado. “Em 2012, foram 42 pedidos de liminar atendidos com relação à prova de 2011. Este ano, até julho, já eram 140 referentes à prova de 2012. No ensino médio, a gente já avalia que vai haver um impacto progressivo”, disse.
Para ela, os especialistas e o estado terão que se debruçar sobre esse fenômeno para entender como essa antecipação vai influenciar na formação desses indivíduos na própria faculdade. “E para isso, é preciso entender o perfil desse jovem, que tem acesso a todas essas informações com as redes sociais”, ponderou.
Apenas 22,7% dos inscritos vão concluir ensino médio em 2013
Do total de 7.173.574 inscrições confirmadas no Enem deste ano em todo o Brasil, a maior concentração por faixa etária é de estudantes com 17 anos (1.048.396, ou 15%). Em seguida, aparecem os de 18, 19 e acima de 35 (9% cada um). De acordo com dados do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), apenas 22,7% dos inscritos na prova concluirão o ensino médio em 2013. Os que terminam após 2012 somam 15,3% do total de inscritos em 2013.
É o caso da estudante Thaina Urpia, que cursa o 2º ano no Colégio São Lázaro, no Cabula. Ela fará a prova pela primeira vez este ano. “Vou fazer para testar, para que no ano que vem eu passe de primeira”, disse. Thaina tem 16 anos e busca uma vaga no curso de Medicina. Este ano, ela não solicitou o certificado de conclusão.
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