O Exame Nacional do
Ensino Médio (Enem) será neste sábado e domingo e, após longos e árduos
anos de estudo, chega, enfim, a temida prova que dá acesso a uma vaga no
ensino superior. É toda uma vida escolar sendo cobrada em uma ou duas
tardes, sob a pressão do tempo, da cobrança, da ansiedade, etc. É o
momento em que precisamos de toda nossa capacidade mental para resgatar
com eficiência os conceitos aprendidos anteriormente e mostrar todo
nosso arsenal intelectual para resolver os problemas inéditos propostos
pelo temido examinador. Para se dar bem em uma prova e conseguir se
classificar na tão concorrida prova do Enem, o Neurologista Leandro
Teles, membro efetivo da Academia Brasileira de Neurologia, ressalta que
o rendimento cerebral no dia do vestibular é exigido de forma complexa e
abrangente. “Controle emocional, foco, capacidade de evocação,
estratégia e rapidez são as modalidades cognitivas mais importantes
nessa hora”.
A
missão do bom vestibulando é realmente árdua. “É abrir a gaveta mental
certa, buscar na montanha de conhecimentos prévios a informação precisa
para “matar” determinado dilema, fugir das famosas pegadinhas, controlar
o ritmo de resolução, escapar dos “brancos”, etc. Ufa! É uma maratona
cerebral para poucos. Em uma competição tão nivelada, os detalhes no dia
“D” podem fazer toda a diferença”, completou Teles.
Não
basta estar preparado, é fundamental conseguir acessar a informação com
segurança, velocidade e não oscilar no transcorrer da prova. “Pecar por
falta de estudos e preparo é uma coisa. Ir mal na prova por descuido,
ansiedade e brancos, é outra completamente diferente. O preparo do aluno
deve, sem dúvida, incluir medidas para reduzir o risco de ter um dia
mentalmente ruim bem na hora de demonstrar todo seu potencial escolar”,
afirma o especialista.
A
estudante Fernanda Souto, 17 anos, está ansiosa para fazer a prova pela
primeira vez. Ela está tentando uma vaga para cursar medicina e sabe
que o curso é muito concorrido até nas faculdades particulares. “A minha
maior dificuldade é controlar a ansiedade e o nervosismo. Estudei em um
dos melhores colégios particulares da Capital e sei que estou
preparada, mas só de pensar que toda a minha família está apostando que
vou passar isso me deixa com uma responsabilidade de dar uma boa notícia
a todos e não quero decepcioná-los. Vou fazer o melhor que posso, mas
se não conseguir, vou continuar tentando”, enfatizou a estudante.
Dicas para um bom desempenho e segurança
Grau de cansaço
Um
cérebro descansado é sempre mais confiável. “Procure dormir bem nos
dias que antecede a prova e reduzir a carga de estudos. Priorize
revisões leves e temas que você tenha mais facilidade e domínio. Também
não abuse na atividade física, prefira exercícios aeróbicos leves,
alongamentos, atividades ao ar livre. Isso ajuda a suportar a tensão
muscular durante a prova e controla o sono e a ansiedade”, disse o
neurologista Leandro Teles.
Controle Emocional
Ansiedade
e o estresse fazem parte do “pacote”, não tem jeito. A adrenalina e o
medo do fracasso ajudam o cérebro em motivação e foco. O problema é a
dose! Excesso de tensão e ansiedade eleva o risco de erros bobos,
dificulta a percepção de detalhes e provoca os temidos brancos. “Para
reduzir a ansiedade é fundamental cumprir o cronograma de estudos,
entender a limitação do processo (é impossível saber e dominar todo o
conteúdo), praticar atividades de lazer e atividade física com certa
regularidade, trabalhar a respiração (que deve ser lenta e profunda) e
retirar a carga de importância do evento (na hora “H” o aluno precisa
apenas responder com tranquilidade, nada de ficar martelando que é o
evento mais importante de sua vida, que não pode falhar, que o mundo
acabará se não for bem, etc, isso não ajuda em nada a encontrar a
resposta correta)”, ponderou o especialista.
Confiança
É
muito importante entrar confiante e manter essa confiança durante a
prova. A insegurança leva a perda de tempo e contamina todo o rendimento
durante a avaliação. “Evite estudar temas novos ou muito complexos nos
dias que antecedem a prova. Valorize o que você estudou durante o ano,
não fique pensando naquilo que você não estudou ou não aprendeu.
Trabalhe sua autoestima. Inicie a prova com assuntos que você domina,
isso traz segurança, motivação e ajuda no controle de tempo. Não fique
emocionado e fragilizado com questões que você não sabe a resposta. Toda
prova tem questões difíceis e até questões imprecisas, mas cada teste
vale a mesma coisa. Não permita que questões específicas tirem sua
estabilidade. Não sabe a resposta, siga com tranquilidade e volte nas
questões complicadas apenas no final, isso evita desgaste e perda
excessiva de tempo”.
Estratégia de prova
Toda
missão exige uma estratégia. “A prova não seria diferente. Conheça bem
as regras do jogo, o tempo total, o número de matérias e questões por
matéria. Atribua tempos específicos de acordo com o grau de dificuldade
individual. Seja frio e calculista. Você precisa pontuar! Chegue com
antecedência, documentação ok, gerencie a dinâmica de prova, preencha o
gabarito com tranquilidade, etc”, ressaltou Teles.
Alimentação
Nada
de fazer a prova com fome ou sede. “Alimente-se adequadamente nos dias
que antecedem a prova e, principalmente, durante a prova. Evite
alimentos duvidosos e excessos alimentares. Prefira alimentos leves, de
fácil digestão e com um bom perfil nutricional. Carboidratos integrais,
frutas, massas leves, barras de cereais, são boas pedidas. Mantenha boa
hidratação, mas evite o excesso de líquidos para não ficar com vontade
de ir ao banheiro”, completou o médico.
Facilite a evocação
O
cérebro precisa encontrar as gavetas mentais para evocar o
conhecimento. “Cada parte da prova versa sobre um universo peculiar. Uma
dica é tentar evitar ficar pulando de uma matéria para outra sem
necessidade, procure entrar em determinada matéria e encerrar as
questões desse tópico. Outra sugestão é mentalizar, por alguns segundos,
coisas relacionadas ao tema que você irá adentrar, o rosto dos
professores da matéria, a capa da apostila ou livros, a visão dos temas
básicos, etc. É um exercício mental de poucos segundos que leva o
cérebro para o contexto correto e ajuda na evocação do conteúdo
específico”.
Valorize sua intuição
Nem
tudo é lembrança consciente ou raciocínio lógico. “Nosso cérebro
trabalha com impressões por vezes dissociadas de linguagem e de rastro
de lembrança. Chamamos isso de intuição ou insight, uma impressão
subjetiva e desancorada de que algo está correto ou não, ocorrerá ou
não. Na prova, na ausência de capacidade cognitiva de resolver
conscientemente um teste, chute e arrisque baseado na impressão
subjetiva e intuitiva inicial, a chance de acerto é maior. É muito comum
trocar o chute por tentar racionalizá-lo e se arrepender depois”,
enfatizou o especialista Leandro Teles.
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