A presidente Dilma
Rousseff intensificou neste ano as entrevistas a emissoras de rádio,
segundo dados do site oficial da Presidência da República confirmados
pela assessoria do Palácio do Planalto. Em 2011, Dilma concedeu
entrevistas a emissoras de dez estados (uma das entrevistas foi dada
simultaneamente a duas rádios de estados diferentes – Bahia e
Pernambuco). Em 2012, ela falou uma única vez no rádio, a uma emissora
de Caxias do Sul (RS). Em 2013, são 21 entrevistas a emissoras de dez
estados. O estado mais contemplado neste ano foi Minas Gerais, cujas
rádios já ouviram Dilma seis vezes neste ano. Em segundo lugar, aparecem
emissoras de São Paulo, Paraná e Rio Grande do Sul (três vezes cada).
Segundo
a Secretaria de Imprensa da Presidência da República (SIP), as rádios
são escolhidas, “sempre que possível”, de acordo com critérios de
audiência e abrangência. "Normalmente são convidadas duas rádios da
região visitada para a realização da entrevista – uma da cidade do
evento (selecionada preferencialmente pelo critério da audiência) e uma
do Estado (com a maior abrangência). Sempre que possível, são escolhidas
uma rádio AM e uma FM”, explicou a SIP, por meio de nota. Para poder
participar, a emissora precisa enviar com antecedência as perguntas a
serem formuladas para a presidente.
De
acordo com a Secretaria de Imprensa, a exigência justifica-se pela
necessidade de a presidente se preparar para a resposta. “Como as
perguntas geralmente tratam de questões locais e regionais (a construção
de uma rodovia, por exemplo), é necessário levantar dados muito
específicos sobre cada tema nos diversos órgãos da administração federal
para que os ouvintes tenham a informação mais precisa”, afirmou por
nota a secretaria, rechaçando a possibilidade de o pedido servir para
evitar perguntas embaraçosas. Para a oposição, o aumento das entrevistas
a rádios em véspera de ano eleitoral é sinal de antecipação da
campanha.
“Embora legalmente seja
difícil caracterizar, objetivamente é visível tratar-se de campanha
eleitoral. Há um esforço da presidente de recuperação de popularidade”,
avalia o senador Alvaro Dias (PSDB-PR).
O
senador Cássio Cunha Lima (PSDB-PI), do grupo político do possível
candidato a presidente Aécio Neves (PSDB-MG), destaca a diferença do
número de entrevistas no reduto político do mineiro em relação aos
demais estados.
“Com certeza ela
está marcando o espaço político do senador Aécio. É visível diante do
número de entrevistas e das visitas que ela tem feito a Minas. E gera
uma composição desigual, porque ela tem uma superexposição de mídia. Usa
a máquina pública sem pudor”, criticou o senador.
O
Palácio do Planalto contesta as acusações. “As entrevistas coincidem
com a agenda de viagens destinadas a cerimônias de entrega de obras e
projetos do governo. São, portanto, um espaço para a Presidenta da
República prestar contas de sua gestão, não havendo qualquer vinculação
eleitoral. Quanto mais frequentes as viagens pelo país, maior o número
de entrevistas”, informou a Secretaria de Imprensa.
“Também
são dadas informações sobre outras ações e obras da região, que
normalmente não fazem parte da pauta dos veículos nacionais que chegam
àquelas regiões e sobre as quais a população local demanda mais
esclarecimentos”, completou a assessoria de imprensa.
Em
agosto, em entrevista a uma rádiodurante visita à região de Campinas,
Dilma afirmou que não tem motivos para antecipar a campanha eleitoral e
disse que isso "é uma preocupação dos outros candidatos". Na semana
anterior, ela tinha tratado do tema em visita ao Rio Grande do Sul: "O
resto é que tem de fazer campanha", declarou na ocasião.
0 comentários:
Postar um comentário