O câncer de laringe do
ex-presidente Lula, diagnosticado em 2011, pode ter sido o evento mais
importante no Brasil até hoje em termos de estímulo à cessação do
tabagismo, ao menos segundo escreve uma equipe de pesquisadores na
revista “Preventive Medicine”. Os
autores, liderados por John Ayers, da Universidade Estadual de San
Diego, nos EUA, analisaram, por meio do Google, o número de reportagens
sobre parar de fumar publicadas em português nas semanas seguintes ao
anúncio da doença do ex-presidente e também as buscas feitas no site com
a expressão “parar de fumar”. As
reportagens sobre cessação do tabagismo foram 163% mais frequentes do
que o esperado para o período na semana seguinte à divulgação do
diagnóstico e voltaram aos patamares normais na segunda semana. Já as
buscas por como parar de fumar no Google aumentaram e se mantiveram em
níveis altos nas semanas seguintes: 1,1 milhão de buscas a mais que o
normal foram realizadas no mês após o anúncio do diagnóstico. Só
na segunda semana após a divulgação de que o ex-presidente tinha a
doença, as pesquisas por esse tema foram 153% mais frequentes do que em
períodos similares em anos anteriores. De acordo com a análise, o câncer
de Lula teve um impacto maior nessas buscas do que o Dia Mundial sem
Tabaco e o Ano-Novo, datas que costumam concentrar o interesse pelo
tema. Os autores lembram que já se sabe que casos de celebridades com
câncer levam a um aumento na busca por exames de rastreamento. O
fenômeno foi documentado em casos como o da cantora australiana Kylie
Minogue. Um estudo de 2005 mostrou
que após ela ter tornado público seu câncer de mama, a procura por
mamografias cresceu 40% na Austrália. No Brasil, médicos relataram
aumento na procura por testes genéticos e mastectomia preventiva após a
atriz Angelina Jolie ter revelado, em maio de 2013, que havia retirado
as mamas por ter alto risco de tumores. A novidade agora foi a detecção
do estímulo a um comportamento que pode ajudar a prevenir a doença. O
cigarro é um dos fatores de risco para o câncer de laringe, assim como o
álcool e a infecção pelo HPV. No entanto, o estudo não procurou
detectar o efeito dessas buscas na prática: não se sabe quantas pessoas
realmente deixaram de fumar por conta do câncer de Lula. Para
o cirurgião oncologista Luiz Paulo Kowalski, especialista em tumores de
cabeça pescoço no A.C. Camargo Cancer Center, as pessoas tendem a se
identificar mais com o problema quando há uma celebridade falando. “Para
algumas cai a ficha: se uma pessoa conhecida teve, também posso ter.”
Kowalski diz que, depois do diagnóstico de Lula, o número de pacientes
que o procuraram para checar se sintomas como rouquidão poderiam ser
câncer aumentou. Para ele, o importante é ensinar que é preciso procurar
um médico em caso de sintomas persistentes, que durem mais do que 15
dias. (Folha)
terça-feira, 31 de dezembro de 2013
12/31/2013 12:35:00 PM
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Câncer de Lula elevou buscas por parar de fumar
31 de Dezembro de 2013 Postado por: jrnewsbahia:
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