Em entrevista exclusiva aos canais ESPN, o goleiro Bruno, novo reforço do Boa Esporte, ressaltou a coragem dos dirigentes do clube de Varginha, disse que não é 'bandido' e deixou claro que irá se apoiar no exemplo do ex-atacante Edmundo, acusado de envolvimento em um acidente fatal de carro que matou duas pessoas em 1995 e seguiu com a sua carreira normalmente. "A pessoa que sai do mundo onde eu estava e pede oportunidade é para não se tornar bandido. Não sou bandido. Cometi um erro. Grave? Grave", afirmou. O atleta de 32 anos que esteja comparação a sua situação com a de Edmundo. "Não estou comparando caso e caso. Não existe pecadinho e pecadão. Tudo é pecado", prosseguiu. A repercussão negativa do negócio fez com que o patrocinador máster, o fabricante esportivo e outros três parceiros do Boa rompessem contrato nos últimos dias. Uma das principais financiadoras da equipe, a Prefeitura local admite que a situação pode afetar a sua imagem e cogita seguir o mesmo caminho. Bruno deixou a prisão no dia 24 de fevereiro deste ano, por conta de um habeas corpus deferido pelo STF, podendo recorrer em liberdade do processo que o condenou, em 2013, a 22 anos e três meses, sendo 17 anos e seis meses em regime fechado. Ele foi sentenciado por homicídio triplamente qualificado, ocultação de cadáver de sua ex-amante, e mão de seu filho, Eliza Samudio, e cárcere privado. Ele estava preso desde 2010.
Como está sendo a volta: Eu que agradeço a oportunidade. Essa volta, cara, vai ser um pouco difícil no início, muito questionado, pessoas falando muito, coisas que não me importo. Tenho que focar no meu trabalho e, ao mesmo tempo, pedir ajuda. São poucos clubes que têm dirigentes corajosos para abrir as portas pela situação que passei.
Segunda chance: Cara, no mundo obscuro que eu me encontrava, pessoas tentaram enterrar o meu sonho num erro que talvez eu tenha cometido ou não. Teve uma época na minha vida que eu joguei a toalha, mas pessoas que estavam próximas de mim, como a minha esposa, a Ingrid, nunca concordou com isso. Ela me manteve de pé. Não é por fama, dinheiro, isso é o menos visado nesse momento. É por mim, mesmo. Da onde eu saí para chegar onde cheguei, não é fácil. Erros acontecem na vida, principalmente quando você está perto de pessoas em que o dinheiro e a fama te cegam. Não é que o que as pessoas falam não dói. Dói, machuca e eu estou acostumado a lidar com a pressão. Se eu não suportar, posso pegar minhas coisas e ir embora. A pessoa que sai do mundo onde eu estava e pede oportunidade é para não se tornar bandido. Não sou bandido. Cometi um erro. Grave? Grave. A minha família sofreu muito com isso. Fiz muitas pessoas ao meu redor sofrerem e agora no momento mais difícil da minha vida estiveram comigo. Minha esposa, minha mãe, 84 anos, muita gente fala que o cara não tem mãe, um ser desprezível, Deus faz as coisas na hora certa, nunca me abandonou naquele lugar, meus tios sempre estiveram comigo e hoje percebo que não é quantidade de pessoas, mas, sim, qualidade. Um cara mais tranquilidade, vivido, sofrido porque a gente sofre muito, independente de quem errou ou não. Todos sofreram. Foi um choque para o Brasil inteiro, mas eu peço uma oportunidade de recomeçar a vida. Quando um pedreiro ou motorista saem, eles vão voltar para isso. A única coisa que eu sei fazer na vida é jogar futebol, por isso, não posso largar meu sonho. Peço oportunidade para as pessoas reverem, não vou parar, vou dar sequência à minha carreira, cara, eu vou, tenho coragem, o pior da minha eu passei. Eu senti na pele e dói muito.
Arrependimento: Cara, o que passou, passou. Você tem que se arrepender das coisas do passado e se tornar uma pessoa melhor. Não é porque você está no fundo do poço que tem que ficar lá, não. Se tem pessoas estendendo a mão para subir, você tem que subir. Mas como cumprir uma pena se eu era um preso provisório? Eu penso assim, da mesma forma que a justiça foi feita contra mim, uma hora tem que ser feita a meu favor, também. A gente tem que falar de mais amor para as pessoas. Amor é Deus. Sei que Deus vai me colocar no lugar que tiver que colocar. Sei que tem coisa boa no Boa, eu vou lutar, vou superar qualquer situação e obstáculo que apareça na minha frente.
Recusa a responder perguntas em apresentação: Acredito que o que tinha que falar sobre o que passou, passou. Não tenho que ficar voltando no assunto. Tem pessoas capacitadas para tratar disso. É uma mancha que vou carregar para o resto da minha vida. Não tenho que ficar falando de processo, cadeia, apenas focar no futebol. Não é sendo covarde. Quero apenas preservar as pessoas que estão próximas de mim. Preservar até mesmo parente da pessoa que errou. Quero evitar falar disso e focar daqui para frente.
Frieza em entrevista: O goleiro, na minha profissão, é uma pessoa centrada, tem que ser frio. Vou citar o caso de Edmundo, passou a carreira toda tentando superar, não sou a pessoa mais capacitade para julgar. É um cara que pego como exemplo. Dentro do estádio, vou ouvir muitas coisas? Vou.
Comparação com Edmundo: Não estou comparando caso e caso. Não existe pecadinho e pecadão. Tudo é pecado.
Apego a religião: O que importa para mim é o amor de Deus, pedi perdão a Deus, tive momento único com Deus. Cabe a pessoa ouvir ou não. Sinceramente, hoje estou focando no meu trabalho, recomeçar a vida.
Relação com outros goleiros no Boa: Boa Esporte hoje está bem servido de goleiros, dois outros novos, rápidos e potencial enorme. Hoje, chego para disputar posição com eles. Vou tentar mostrar meu trabalho, ganhar confiança do treinador e disputar posição. Os meninos estão voando. Com muito respeito, vou brigar pela titularidade.
Acompanhar jogo no estádio logo mais: Com certeza. Vou estar lá passando toda energia positiva, precisamos de ganhar jogando em casa. Até mesmo uma experiência para rapaziada para ganhar os três pontos.
Seleção brasileira: Não disse que chegaria à seleção. Foram palavras colocadas por vocês da imprensa. Sonhar nunca é demais. Estou muito tranquilo. Quero fazer meu trabalho aqui, no Boa Esporte. Só quero trabalhar. Pedi às pessoas um pouco de paciência .
Se contrataria a si mesmo: Não posso nem responder minha perguntas, vocês até me desculpem, mas isso é assunto até do presidente. Ele pode esclarecer a melhor forma para vocês.
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