Foto: Reprodução / Youtube
No último domingo (28), um grupo de mulheres e homens negros se reuniu no Shopping Salvador para discutir questões raciais como ideal de beleza eurocêntrica e ocupação de espaços. A mobilização, impulsionada por uma denúncia da professora e coordenadora pedagógica Amanaiara Miranda foi denominada "Rolezinho das Caras Pretas". Em publicação compartilhada no Facebook no dia 15 de maio, ela afirmou que no sábado anterior ouviu um comentário racista advindo de uma vendedora de loja do mesmo shopping. "Ao entrar numa loja e acompanhada com duas pessoas, também de cara preta e de meia idade que nem eu, ouvi uma mulher socialmente branca falar: hoje vai ser difícil batermos a nossa cota de vendas com essa gente feia andando aqui no shopping", falou. "Nesta senda, eu confirmei que a cara preta madura não inspira beleza e nem poder aquisitivo", explicou na postagem. Por conta disso, ela propôs que um evento no último domingo de maio para problematizar a questão de forma coletiva. "As pessoas tem que perceber que ou elas nos tratam como merecemos ou nós não consumiremos. Todo ano eu vou tentar fazer o Rolezinho das Caras Pretas no último domingo de maio", disse. Após o diálogo público na praça de alimentação, o grupo seguiu em passeata no shopping, cantando em referência à música População Magoada do Ile Aiyê: "É no Rolezinho das Caras Pretas/ Que a nossa honra tem que ser lavada/ População magoada/ A nossa honra tem que ser lavada/ Negro/ Negra/ Negrada". Sobre o evento, o Salvador Shopping informou que a administração lamenta o comentário e afirma que repudia qualquer atitude discriminatória por parte de seus colaboradores ou lojistas. "O empreendimento é uma referência por desenvolver ações de combate ao racismo, tendo inclusive recebido por três anos consecutivos o Selo da Diversidade Étnico-Racial, concedido pela Secretaria da Reparação da Prefeitura de Salvador como um reconhecimento público de ações de promoção da equidade racial nas políticas de gestão de pessoas e marketing", consta na nota enviada ao Bahia Notícias. De acordo com a professora, a questão não é encontrar um algoz. "O que o movimento quer é que o shopping debata com os lojistas uma formação etnicoracial para os funcionários. É desta forma que uma mudança poderá acontecer", disse. Além disso, as ações diretas são importantes para que o racismo seja desconstruído. "Se você não toma uma atitude está sendo conivente. Eu tomei essa iniciativa de convidar meus pares na intenção de fazer um debate de conforto da branquitude e do eurocentrismo", falou. "Faz 30 anos que eu milito e esses fatos continuam acontecendo. Só as queixas e a indenização não trazem liberdade para mim nem para ninguém", completou. Assista o vídeo do ato:
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