Num clima de crescente tensão, os 19,5 milhões de eleitores venezuelanos foram convocados às urnas, neste domingo (30), para votar em uma polêmica Assembleia Nacional Constituinte, que tem sido motivo de violentos confrontos, entre as forças de segurança e a oposição, e tem atraído a atenção do mundo. A votação comeca às 6h (7h no horário de Brasília) e termina às 18h (19h no horario de Brasília), mas, se houver fila de eleitores, os centros de votação vão esperar que todos terminem de votar antes de encerrar o processo. Foram habilitados 14,5 mil centros em todo o país, com mais de 24 mil mesas de votação. A comunidade internacional tem manifestado a sua preocupação com o risco de uma guerra civil, em uma nação que é dona de uma das maiores reservas de petróleo do planeta. Países vizinhos, como Brasil e Colômbia, têm acolhido milhares de refugiados da crise econômica, social e política que assola a Venezuela. Os três Poderes venezuelanos estão em conflito, o que dificulta a adoção de medidas para combater a inflação anual de mais de 700%, a recessão, o desabastecimento e a violência. A Assembleia Nacional Constituinte foi a resposta do presidente Nicolas Maduro à recente onda de protestos que começou em abril.Em quatro meses, 109 pessoas morreram – em média, uma por dia. Muito mais do que os 43 mortos das violentas manifestações de 2014.
Segundo Maduro, a Constituinte é a única solução pacífica para a crise, diante de um clima de radicalização. A última tentativa de diálogo entre governo e oposição, em 2016, foi mediada pelo Vaticano, mas fracassou. Os partidos opositores, reunidos na Mesa de União Democrática (MUD), pedem a saída de Maduro e a antecipação das eleições presidenciais de 2018. Maduro diz que querem derrubá-lo, com a ajuda dos Estados Unidos, e que vai defender - com a forca, se necessário - a Revolução Bolivariana, iniciada há 18 anos por seu padrinho político, o ex-presidente Hugo Chávez. “Nós jamais vamos nos entregar. O que não conseguimos com os votos, vamos conseguir com as armas”, disse Maduro, ao culpar a oposição pela violência e criticar o que considera ser uma ingerência externa nos assuntos venezuelanos. O governo proibiu qualquer manifestação até segunda-feira (31), alegando que é preciso proteger os eleitores daqueles que farão de tudo para impedir a votação.
A oposição reagiu convocando passeatas. “Somos maioria; temos a comunidade internacional do nosso lado; temos a razão e não vamos desistir”, disse o líder opositor Freddy Guevara às vésperas da eleição. O Brasil e mais doze países da Organização dos Estados Americanos (OEA), os Estados Unidos, a União Europeia e até a Suíça pediram a Maduro que cancelasse a eleição por acharem que contribuiria para aumentar a violência – em vez de trazer a paz que ele promete. A Organização das Nações Unidas (ONU) pediu ao governo que respeite os direitos dos venezuelanos de protestar livremente
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