Foto: Reprodução / Facebook
A drag queen Natha Sympson ainda sofre agressões verbais após ter realizado uma apresentação em um colégio público de Salvador. Nessa segunda-feira (18), o deputado estadual Samuel Júnior (PSC) pediu para que o Ministério Público da Bahia (MP-BA) apurasse a performance (veja aqui). A drag, de 19 anos, foi convidada por sua ex-professora para participar de um projeto no Colégio Estadual Odorico Tavares, no Corredor da Vitória, sobre sexualidade e identidade de gêneros. O evento também contou com palestras, debates, apresentações de dança e de bandas (uma delas foi a TransBatucada), todas relacionadas ao tema central do projeto. A circulação do vídeo, nas redes sociais, da apresentação da artista gerou revolta em pais de alunos da instituição, e diversos comentários de repudio e ódio foram enviados a Natha. “Como se o projeto todo só fosse visado na minha apresentação, naquele exato momento, mas não foi assim, foi um projeto grande, com várias apresentações e várias pessoas incluídas naquele projeto”, defendeu. A drag disse que não esperava essa repercussão tão grande, pois como está acostumada a se apresentar em diversos lugares, até mesmo na televisão no turno vespertino, ela acreditou que as pessoas que assistissem o vídeo fossem encarar a apresentação como arte.
O deputado Samuel, autointitulado representante do “povo da igreja”, pediu que o MP aplicasse sanções penais aos responsáveis pela mostra cultural que, segundo ele, “configurou claramente apologia ao sexo, corrupção de menores e atentado ao pudor”. Na petição, Samuel solicita ainda o afastamento imediato da professora responsável pela organização do evento e do diretor do colégio até a conclusão das investigações pelo MP. Sobre a petição, Nath falou: “É o preconceito, mascarado de preocupação, porque a minha apresentação como eu disse não teve nada demais, eles apenas estão se doendo, porque era uma drag queen, numa escola, se apresentando. Eu poderia até estar de burca que eles iam falar da mesma forma, porque era uma drag queen se apresentando numa escola". “Uma coisa que não tem lógica, com tanta coisa acontecendo no mundo e ele quer investigação da apresentação”, acrescentou. A transformista afirma que em nenhum momento ela ficou nua, já que estava utilizando uma segunda pele [roupa que imita o tom da pele] e várias meias-calças. “Não tem lógica o que ele está falando, o que eu fiz é o que está presente na sociedade. Hoje em dia, a era musical é Anitta, Pabllo Vittar, vários adolescentes escutam, vão nos shows, em nenhum momento eu fiz apologia ao sexo. [...] As pessoas costumam erotizar, por ser drag queen, e por fazer parte do movimento LGBT, dizer que as pessoas são promíscuas, mas não é isso”, afirma Natha.
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