A baiana Mirelle Magalhães recebeu a graduação preta de Muay Thai no último domingo (21) e se tornou uma das primeiras baianas a chegar no mais alto grau da modalidade. Nascida em Juazeiro, Mirelle é fisioterapeuta formada e pós-graduada também se dvide nas aulas de academias como personal trainer, além de ser professora de Muay Thai, prática que começou a aprender em 2007. O esporte está no sangue da baiana, que completará 35 anos na próxima sexta-feira (2), mas pela quantidade de modalidades esportivas, principalmente de lutas, que ela já praticou poderiam muito bem levantar a suspeita de se tratar de um caso de "gato", termo usado no futebol quando um jogador altera a idade para parecer mais jovem. Mirelle começou a vida esportiva aos cinco anos praticando natação, ballet, ginástica olímpica, handball e vôlei, além de jogar futsal às escondidas por proibição da mãe. Ela foi jogadora de vôlei profissional por 17 anos, mas parou quando deixou São Paulo, onde morou entre 1998 e 2006, e voltou para Salvador. "Ainda tentei jogar quando voltei, mas aqui eu pagava para jogar, enquanto em São Paulo eu ganhava para isso", afirmou em entrevista ao Bahia Notícias. "Junto com o vôlei, passei a competir no bicicross em 99 e fui campeã regional", lembrou.
Mas há males que vem para o bem. Sem conseguir jogar, ela começou a lutar no ano seguinte. Nessa época, Mirelle trabalhava como modelo, sendo inclusive ring girl de um evento de MMA, além de assistir os treinos de um ex-namorado. Ela então começou a lutar de verdade no Muay Thai, já que antes disso o primeiro contato com as lutas foi através do boxe. "Comecei apenas como atividade física de academia de musculação. Essas aulinhas fitness (risos)", ponderou. Como competia desde a infância, participando de campeonatos, Mirelle começou a sentir falta das disputas, pois apenas treinava. "Competir está no meu sangue". Sem poder ter muitos machucados por causa da carreira de modelo, ela acreditou que poderia conseguir isso no jiu-jítsu, iniciando mais uma modalidade em 2012. "De lá para cá, já disputei mais de 20 campeonatos em Salvador, no Rio de janeiro e em São Paulo", disse. Mirelle contou que, em 2013, recebeu uma proposta para representar a Bahia numa seletiva para formar uma equipe de MMA. "Isso foi uma furada, porque não teve", lembrou. Não pela desilusão, mas sim por não se adaptar à luva, ela não seguiu no MMA. Nesse mesmo ano, entrou para valer no boxe. "Tive uma aula com Carla Freitas e me apaixonei pela modalidade. Nos tornamos amigas e ela me levou para a Champion [academia do técnico Luiz Dórea]. Queria saber como era subir no ringue, levar porrada e poder devolver também (risos)", completou.
Daí em diante, ela passou a disputar campeonatos tanto de boxe, quanto de jiu-jítsu. Mas em 2015, Mirelle foi suspensa pela Confederação de Boxe após ser denunciada como atleta de jiu-jítsu. "Pela lei, o atleta amador não poderia ter nenhuma luta profissional ou amadora de outra modalidade. Porém no ano anterior essa lei não vigorava em esportes amadores", explicou. A suspensão desmotivou muito Mirelle. "Parei tudo por quase um ano e meio. Aí voltei aos treinos para lutar no Muay Thai graças a um ex-aluno e hoje meu marido que me incentivou. Sem ele, com certeza eu teria parado", afirmou. Nesse tempo, ela também se machucou no jiu-jítsu. Apesar de ter parado nesta modalidade de luta, ela seguiu treinando no Muay Thai e ainda começou mais uma nova luta no passado, o kickboxing. "Acabou que deu muito certo, porque fui campeã de tudo que lutei no ano passado", comemora ela, que conquistou os títulos de campeã Brasileira, da Copa do Brasil e do Sul-Americano de Kickboxing em 2017.
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