O Departamento de Crimes Contra a Ordem Tributária e Administração Pública (Deotap) divulgou nesta sexta-feira (11) a conclusão de mais uma etapa das investigações sobre a existência de funcionários fantasmas e cargos comissionados nomeados pelo ex-deputado estadual e atual prefeito de Lagarto (SE) Valmir Monteiro. O inquérito foi aberto em 2015, embasado em requisições do Ministério Público. Ele será indiciado por peculato e desvio de verbas públicas.
De acordo com a delegada Thais Lemos, que coordenou as investigações, um dos nomeados pelo ex-deputado estadual, tentou solicitar aposentadoria rural e teve o pedido negado, pois existia um vínculo com a Assembleia Legislativa de Sergipe (Alese). Diante disso, o inquérito foi aberto para apurar a distribuição de cargos comissionados pelo então parlamentar.
Em depoimento à Polícia, o homem alegou que não tinha conhecimento da existência do vínculo com a Alese e que também não tinha trabalhado na instituição. Ele também negou ter ficado com quantia em dinheiro ou devolvido valores ao ex-deputado. O homem disse que atuou como aliado político, sendo cabo eleitoral e lhe foi prometido que, caso o então parlamentar fosse eleito, a esposa receberia um emprego.
Foi apurado na investigação que a esposa do homem recebeu o cargo prometido e foi orientada pela assessoria parlamentar de que o trabalho consistia em comparecer dois dias na instituição e outros três em uma maternidade que a família do então deputado possuía na cidade de Lagarto (SE).
Durante a investigação também foi observado que nem o homem e nem a esposa possuíam qualificação para atuação nas funções a que foram designados. Ainda em depoimento, ele não soube precisar a nomenclatura do cargo do qual foi nomeado. Já a esposa disse que desconhecia o vínculo do marido com a Alese, confirmou que o dinheiro era depositado em uma conta e disse que foi exonerada pouco tempo depois da nomeação.
O Deotap solicitou à Assembleia Legislativa a lista de servidores lotados junto ao gabinete do então deputado. Ainda segundo a delegada, a maioria dos servidores convocados para esclarecimentos não sabia sequer a localização do gabinete do então deputado dentro do prédio da instituição ou a correta nomenclatura dos cargos que haviam sido nomeados.
Também constatou-se que muitos trabalhavam em uma associação rural no Povoado Água Fria, no município de Salgado, o que atestou que os servidores foram nomeados não para exercício de qualquer função na Alese, mas sim para finalidades particulares do então deputado.
A defesa do ex-deputado estadual disse que não sabe o teor da denúncia e ainda não vai se pronunciar.
Por G1 SE
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