A Coreia do Norte lançou um míssil balístico na madrugada desta quarta-feira (horário local, tarde de terça no Brasil), o primeiro em dois meses, em uma nova provocação à comunidade internacional, que havia reforçado as sanções contra Pyongyang. O novo disparo levou Estados Unidos, Japão e Coreia do Sul a solicitarem uma reunião de emergência do Conselho de Segurança da ONU. A reunião será celebrada na quarta-feira às 16h30 locais (19h39 de Brasília). Segundo o Pentágono, o artefato seria um míssil balístico intercontinental (ICBM) e teria voado 1.000 quilômetros antes de cair no Mar do Japão. Já a agência de notícias sul-coreana Yonhap noticiou que o míssil foi lançado para o leste a partir da província de Pyongyang Sul, detalhando que os militares sul-coreanos e americanos estavam analisando os dados. "Às 13h30 (16h30 de Brasília) detectamos um provável disparo de míssil proveniente da Coreia do Norte", confirmou em Washington o porta-voz do Pentágono, o coronel Rob Manning. O secretário americano de Defesa e chefe do Pentágono, general James Mattis, declarou que o teste realizado representa uma ameaça para o mundo inteiro. Este míssil alcançou a maior altura já registrada nos testes norte-coreanos e representa "uma ameaça para todo o mundo, francamente", declarou Mattis na Casa Branca. O presidente americano, Donald Trump, estava visitando o Congresso no momento do lançamento e "foi informado sobre a situação na Coreia do Norte enquanto o míssil ainda estava no ar", explicou sua porta-voz, Sarah Sanders.
Posteriormente, em declarações feitas na Casa Branca, Trump enviou uma dura mensagem à Coreia do Norte: "nós vamos cuidar disso", afirmou. O secretário de Estado americano, Rex Tillerson, declarou que os Estados Unidos avaliam "as opções diplomáticas" para resolver a crise e que elas seguem "sobre a mesa por enquanto". Em uma declaração lida por seu porta-voz em Washington, Tillerson pediu à comunidade internacional para "tomar novas medidas" à margem das sanções já aprovadas pelo Conselho de Segurança da ONU, "incluindo o direito a proibir o tráfego marítimo de bens de e para a Coreia do Norte". Trata-se do primeiro teste com um míssil em dois meses, e oito dias depois de Washington voltar a colocar a Coreia do Norte na lista de países patrocinadores do terrorismo, um gesto que Pyongyang qualificou de grave provocação. Horas antes, o ministro sul-coreano de Unificação informou sobre a detecção de uma atividade incomum na Coreia do Norte. Um radar de rastreamento de mísseis foi instalado na segunda-feira em uma base norte-coreana não identificada e o tráfego de telecomunicações aumentou, segundo uma fonte do governo citada pela Yonhap.
- 'Disparo de precisão' - "É certo que foram detectados movimentos ativos em uma base de mísseis norte-coreana", disse esta fonte. "Sinais como os localizados na segunda-feira foram detectados com frequência". O governo japonês também estava em estado de alerta após detectar sinais de rádio que pressagiavam um possível disparo de míssil, segundo a agência japonesa Kyodo. O temor de um novo lançamento gerou preocupação nos mercados e fez a Bolsa de Tóquio cair. O primeiro-ministro japonês, Shinzo Abe, se manifestou qualificando o disparo do míssil de "ato violento" que "não pode ser tolerado", e pediu reunião urgente do Conselho de Segurança da ONU. "Nunca cederemos ante nenhum ato de provocação. Reforçaremos nossa pressão" sobre Pyongyang, declarou Shinzo Abe à imprensa. Como resposta ao lançamento, a Coreia do Sul efetuou "um disparo de precisão" de um míssil, informou a Yonhap, citando o Estado-Maior sul-coreano. Em 3 de setembro, a Coreia do Norte fez seu sexto teste nuclear, o mais potente até a data. Segundo Pyongyang, se tratava de uma bomba de hidrogênio capaz de ser colocada em seus mísseis de longo alcance. Em 15 de setembro, menos de uma semana depois que o Conselho de Segurança da ONU adotou novas sanções contra o regime norte-coreano, Pyongyang disparou um míssil balístico que sobrevoou o Japão, a 3.700 quilômetros a leste de seu ponto de partida, segundo Seul. Desde então, a ausência de lançamentos criou a expectativa de que o endurecimento das sanções da ONU dava frutos. Além de levar em conta o fato dos Estados Unidos terem incitado o resto da comunidade internacional a tomar medidas unilaterais.
Washington pede especialmente à China, principal apoio econômico de Pyongyang, que pare de apoiar seu vizinho. Trump se mostrou confiante sobre este aspecto após sua recente visita a Pequim, apesar do ceticismo de muitos observadores. Os Estados Unidos esperam que quando Kim Jong-Un estiver totalmente isolado e submetido a um importante bloqueio econômico e sob as constantes ameaças militares do presidente americano, o líder norte-coreano acabará aceitando negociar seu programa nuclear.
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